A segunda metade da 2ª temporada
de Faking It, como um todo, conseguiu manter a qualidade das anteriores, mas
infelizmente acabou tropeçando no seu maior diferencial: a representatividade.
Faking It é uma série de TV que
mesmo sem expressivos ratings de audiência, conseguiu se estabelecer entre diversas
outras grandes séries, mais comerciais, conquistando o seu público e a mídia
com uma historia de amor cativante e totalmente sem rótulos.
Na temporada passada Faking It
abrangeu seu leque de opções, adicionando uma grande quantidade de personagens,
trilhando a trama de suas protagonistas separadamente; mas agora na 2B, os
caminhos de Amy e Karma voltam a se cruzar, em uma temporada cheia reviravoltas
e um persistente estado de negação.
Após todos os relacionamentos
herdados da 2A serem despachados (alguns sem consideração alguma), a série pôde
voltar ao seu foco principal: o relacionamento Karmy. O fato de Amy voltar a
questionar sua sexualidade – e abominar rótulos -, devolveu à série aquela
máxima maravilhosa, onde precisamos aceitar que nem todos possuem a necessidade
de serem etiquetados.
Desde a primeira temporada,
Faking It se consagrou ao trazer para TV uma grande representatividade do
movimento LGBT (a maior entre as séries do mesmo gênero), com personagens bem
construídos e com um incrível grau de profundidade para uma série de apenas 20
minutos. Mas durante a segunda metade de sua 2ª temporada, Faking It apresentou
o primeiro personagem declaradamente bissexual da série (Wade), em uma
versão estereotipada e mistificada de
uma das orientações sexuais que mais sofrem preconceito, tanto fora, como
dentro da comunidade gay.
O final da 2A indicava que a
série passaria a focar nos verdadeiros sentimentos de Karma, que, felizmente,
teve uma enorme evolução nessa temporada. Porém, o seu estado eterno de negação
continua lá. A aparição de Wade, que deveria surgir como um mentor para Karma e
Amy, além de não acrescentar nada, na verdade apenas causou indignação nos fãs.
Mas pensando pelo lado positivo, todo o preconceito vindo de Shane e de Reagan
com relação aos bissexuais pode ser usado como um sinal de “pare” para tantos
outros dentro da comunidade LGBT, que mistificam outras orientações, como a
transsexualidade, panssexualidade, assexualidade, entre outras.
A 2B sofreu um grande golpe logo
de início, graças a mais um vazamento da MTV (o terceiro com Faking It), e a
temporada inteira caiu na internet, quando apenas 3 episódios haviam sido
exibidos. A baixa audiência causada pelo vazamento conseguiu ser contornada
pelo esforço do elenco e a estabilidade da temporada, que mesmo entre um
escorregão e outro manteve a qualidade da historia e do humor, acima da média.
Como era esperado, Faking It
continuou a se aprofundar no quinteto principal, mostrando com mais afinco o
passado de Karmy e suas famílias. A evolução desse quinteto continua sendo uma
atração à parte. Amy, agora solteira, pôde trabalhar com mais atenção o seu
relacionamento fraternal com Lauren, aquecendo os sofridos corações dos
telespectadores, que mais uma vez foram enganados por Carter Covington (criador
da série), que prometeu um maior desenvolvimento Karmy mas nos entregou
diversos plots paralelos, rompimentos e um novo interesse amoroso para Amy.
Apesar de ainda escorregar em um
estereótipo ou outro, Faking It continua sendo a série teen de maior
importância na TV americana no momento, simplesmente por abordar sem medo as
descobertas da adolescência, esclarecendo assuntos polêmicos com muito humor e
criatividade.
Esse e outros textos
meus sobre séries, você encontra em: portalcaneca.com.br
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